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(Ex-) Preferida

- Sabe quem tá falando?
E imaginando que ele não fosse saber, completou logo em seguida:
- Sou eu, sua ex-preferida...
- Claro que sei, e posso saber pq ex-preferida?
- Porque eu sumi, né... Faz tempo que a gente não se fala... Não mereço mais esse título... [risos]
- Você sabe que ainda é, sempre vai ser a preferida.
- Ahh que lindo... Estou te ligando pra saber de você, fiquei sabendo umas coisas...
- É, as coisas andaram meio complicadas. Fiquei sabendo que você ia ligar, que bom ouvir sua voz...
Ela pensou em um segundo tudo que queria perguntar, saber, falar. Mas engasgou. Só conseguiu dizer:
- Queria te dar um abraço. Posso ir aí amanhã?
- Claro, vou adorar seu abraço, tou com saudades.
Ela foi. Eles se abraçaram. Conversaram. Sorriram. E no fundo os dois sabem que o próximo abraço não tem data pra acontecer. Mas ele garante que ela ainda assim vai ser sempre a preferida.

O Bailinho

Além de ser a mais inteligente das meninas, ela era corajosa. Aliás, mais que corajosa, ela era atrevida. Pequenininha (era a segunda da fila por ordem de tamanho, fazer o quê), ela não afrontava ninguém, mas ai de quem mexesse com ela. Atrevida. E corajosa.

Ele era o mais inteligente da turma. Era o único mais inteligente que ela. Só que ao contrário dela, ele era muito tímido. Quase não falava, tinha poucos amigos, entre eles, ela. Ela gostava de gente inteligente. Ele também, e com ela, ele conversava.

Estudaram juntos mais de um ano, aí chegou a festinha de formatura. Era só pros formandos e pra professora. Tinha salgadinho e guaraná. Meninos levam refri, meninas levam salgadinho, era como funcionava. E tinha música. As meninas dançavam o tempo inteiro. Umas com as outras ou com a professora. Já os meninos, estes tinham que esperar a professora dançar com eles. Imagina, pagar o mico de dançar com menina e ser zuado pra sempre? Melhor entrar na fila pra dançar com a professora.

Só que ele quis dançar. Tinha fila pra dançar com a professora. Ele venceu a timidez e a chamou pra dançar. Morrendo de vergonha, mas chamou. Afinal, ela era sua amiga. E ela aceitou. Dançaram uma música em meio aos risinhos abafados e dedos apontando. Ele ficou vermelho. Já ela, ficou mais atrevida.

"Vocês deviam era fazer a mesma coisa ao invés de morrer de inveja". 

Silêncio. A professora concordou. E aí o bailinho começou de verdade, meninos e meninas dançando juntos e se divertindo. E claro, um ou outro bobo no cantinho rindo e apontando o dedo. Sempre tem.